15/01/12

O PÓS CRISE DE 1383-1385

Para comemorar a grande vitória de Alves Barrota, e porque não havia ainda uma rotunda em Lisboa que pudesse ser invadida por multidões em êxtase e buzinas ululantes, D.João I manda encerrar o campo de jogos do clube de futebol local e erguer no seu lugar um mosteiro a que chamou “da Batalha”. Com vista a atrair mais visitantes no futuro, optou-se pela linha arquitectónica que fazia furor na altura, o gótico, assim chamado por parecer ser feito gota a gota, dada a sua morosidade.

Este estilo caracterizava-se por paredes finas (que poupavam nos materiais) e janelas largas, decoradas com vitrais, justamente considerados os antepassados dos grafittis. Existe grande utilização dos arcos, mesmo que quebrados anteriormente, e de abóbadas em ogiva (nuclear, não, obrigado!), que conferiam grande poder aos edifícios.

Em consequência, as naves elevaram-se em altura (partindo para outros planetas), os arcobotantes são colocados no exterior (devido às pulgas), as igrejas tornam-se mais iluminadas pelo sol (a sempre recomendável utilização das energias renováveis) e os edifícios terminam em pináculos, que, ao contrário do que muita gente considera, não são pinhões dados em espectáculos.
Todas estas características da arte gótica faziam-na, nas imortais palavras de António Gedeão, aproximar-se bastante do que ele designava por sonho (é tela, é cor, é pincel / base, fuste, capitel / arco em ogiva, vitral /pináculo de catedral), como pode ser observado em sites tipo You Tube, procurando por "pedra filosofal".

Livre dos perigos de Castela, D.João I decide orientar a sua vidinha e dispõe-se a casar. Assim que o anúncio é feito no correio sentimental da “Gazeta Real”, o rei de Inglaterra coloca um problema a Portugal: os portugueses tinham utilizado no jogo com os castelhanos um árbitro de nome Johnny Rules, nitidamente anglo-saxónico e, como tal, sujeito a pagar direitos de imagem e bom nome aos árbitros britânicos.

D.João I viu-se assim entre o montante e as ameias do castelo, ou, numa linguagem mais contemporânea, entre a espada e a parede. Não poderia argumentar que o juíz era o português João das Regras, pois isso seria um escândalo internacional. Também não poderia por em causa o rei de Inglaterra, pois devido ao tratado de aliança que D.Fernando assinara, qualquer desejo que viesse de além-Mancha era uma ordem. Ou, o que se poderia chamar hoje em dia, um desejo de Merckel.

O rei de Inglaterra desejou que D.João se casasse com uma sua neta, Dª Filipa de Lencastre. E D.João casou, um facto de grande importância na nossa história, por duas razões: primeiro, porque reforçou os laços de entendimento com Inglaterra (quanto mais não fosse porque o rei português teve de aprender inglês para comunicar com a mulher); segundo, porque tornou rainha de Portugal uma mulher excelsa, cheia de virtudes e muito popular entre o povo. Esta popularidade advinha sobretudo do facto de Dª Filipa (e suas ancas parideiras) participarem no programa “Super Bebés”, um programa patrocinado pelo próprio D.João, que deu frutos na mais extraordinária geração de príncipes que alguma vez tivemos. Nomes como D.Duarte, D.Henrique, D.Pedro, D.Fernando e Dª Isabel deram ao programa “Super Bebés” o mérito de só por si encherem uma época e honrarem um país.

Este casamento foi bastante badalado, principalmente pelos sinos da Sé do Porto, e dele nos fala o historiador local, Olibeira Martins :

“Toda a noite fora de festa (...) o bom povo do Porto, na sua cidade triste, quebrava a monotonia dura da vida nesses instantes de folgança. (...) preparou-se o cortejo. O pequeno espaço que vai desde o Paço até à Sé estava coalhado de povo em gala agitando bandeiras e atirando confetis. À porta da Sé, numa nuvem de incenso e num corte de fotógrafos, o bispo (...) esperava os noivos. (...) Da Sé voltaram ao Paço a comer (...) desafivelaram-se os cintos, vazaram-se os cálices de espumoso, as travessas de arroz à valenciana e os pratos de doce de ovos, ao som de jograis cantando “apita o comboio”...

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