16/01/11

O CONDADO PORTUCALENSE

A partir das Astúrias, os Cristãos partem em busca do terreno perdido numa operação com o nome de código “Reconquista Cristã”. De início, esta operação foi muito demorada e difícil, pois os Árabes eram mais do que as mães de Alá (e mais fortes no ombro a ombro). À custa de muitas lutas e porque o terreno os favorecia (pois reconquistaram de norte para sul, a descer), os Cristãos alargaram a zona que lhes pertencia, formando vários reinos pelo caminho.

Para ajudar os reis cristãos nestas tarefas, vinham um pouco de toda a Europa os cruzados, os quais eram profissionais liberais na arte de cavalgar e dar no coiro dos mouros. Trabalhavam a recibo verde para quem precisasse de conquistar terras e, por isso, se um rei ganhasse terreno aos infiéis à custa do trabalho dos cruzados, deveria pagar-lhes dando-lhes as suas partes (sem segundos sentidos, obviamente), isto é, terras para eles governarem em seu nome – os condados.
Atraídos por tais benesses, os cruzados adoptavam uma táctica de guerra com resultados quase garantidos, a chamada táctica do triângulo (em ilustração anexa), em que um cruzado jogava avançado em cunha e os restantes flanqueavam-no, para assim melhor penetrarem em terreno inimigo. Dois destes nobre profissionais liberais que muito terreno conquistaram, eram os fidalgos franceses D.Raimundo e D.Henrique de Borgonha (este, com mais sentido do dever e borgonha na cara).

Contudo, o rei de Leão, D.Afonso VI, para quem eles trabalhavam, entendeu que os dois cavaleiros não teriam cumprido os objectivos mínimos do serviço, e por isso decidiu castigá-los casando-os com as suas filhas solteironas. D.Raimundo desesperou quando soube que lhe tinha calhado em sorte uma esposa com o nome de D.Urraca.
D.Henrique ficou menos mal, calhando-lhe D.Teresa e recebendo como dote o Condado Portucalense. Impõe-se perguntar como terá surgido o nome do Condado. Existem várias teorias acerca do assunto, embora aquela que mais votos colheu na sondagem efectuada na Sociedade Secreta de Historiadores Anónimos, aponte para a existência na margem esquerda do rio Douro, de uma pequena povoação de nome Cale (onde hoje se situará Gaia), na qual existia um Portus (nome romano para o local onde desembarcavam mercadorias).
De Portus e Cale, parecem derivar os nomes de Portucalense e Portugal, embora por esta teoria, devamos dar graças ao Senhor por não terem fundado um condado em terras vizinhas daquela, como Valadares, Melres ou Labruge, o que nos colocaria hoje a viver em Valadaral, Melral ou Labrujal.
São, contudo, teorias especulativas. O que interessa é que em 1096 D.Henrique de Borgonha recebe a mão de D.Teresa, o resto do seu corpo e, por acréscimo, o Condado Portucalense. O conde viveu uma vida cheia, pois por um lado tinha como ambição tornar o seu condado independente (o que não veio a conseguir), e por outro, a sua ardente fé religiosa levava-o a passar a vida em viagens, romarias, peregrinações e congressos da fé. Ora isto obrigava D.Teresa a passar longos períodos sozinha no castelo de Guimarães e, como já dizia o povo naquela altura, “patrão fora, dia santo na loja”...

Há quem diga que foi por causa dessas actividades de tempos livres que D.Henrique morreu de desgosto, embora a maior parte dos psicanalistas defenda que foi por frustração de não conseguir a independência para o condado. Trata-se de um assunto que só o próprio poderá confirmar ou não, se a isso estiver disposto.
Por morte de D.Henrique, D.Teresa assume os comandos do condado, pois o seu filho, D.Afonso Henriques, tem apenas três anos de idade, o que é insuficiente para tirar a licença de condução de condados. Continuando as suas diatribes de viúva alegre, D.Teresa vai mesmo assim a fortalecer o condado rumo à autonomia, quer guerreando os mouros, quer entrando em habilidosos jogos diplomáticos com a corte de Leão, tais como o Trivial Pursuit, o Monopólio ou mesmo o Scrabble.

Em 1127, o rei de Leão, D.Afonso VII, sobrinho de D.Teresa, tem um sonho em que se vê a governar toda a península Ibérica. Para o conseguir, envia por pombo-correio uma mensagem a D.Teresa exigindo que esta lhe entregue as chaves do condado. Infelizmente (para o pombo, claro), este não chega ao seu destino pois o jovem D.Afonso Henriques apanha-o numa tarde de tiro ao alvo, quando o animal passa em frente ao ponto de mira. Sem o saber, Afonso Henriques dá um pequeno passo para si, ao comer o pombo ao jantar, mas um grande passo para a alteração do curso da história deste país.

Irritado por não obter resposta às suas exigências, D.Afonso VII vem de armas e bagagens instalar-se no castelo de Guimarães, ameaçando que dali não sairá sem levar a submissão dos portucalenses. D.Teresa indignada com tamanha falta de delicadeza, recusa-se a dar-lhe as chaves (do condado e do cinto de castidade). E assim se foram passando os dias, com Afonso VII e sus muchachos instalados em casa alheia, comendo que nem uns alarves, levando à bancarrota a despensa do castelo.
De dia, o rei de Leão comia e aguentava as diabruras do jovem Afonso Henriques. De noite, Afonso VII vagueava pela escuridão em busca da figura que, segundo reza a lenda, tinha mandado construir o castelo no ano de 929 : a figura mítica de Mumadona Dias (esclareça-se que “Mumadona” é o equivalente em português arcaico ao actual “mamalhuda”, daí o interesse do rei em encontrá-la).

02/01/11

PRIMEIROS POVOS - O RESUMO

Aqui fica então um pequeno resumo dos primeiros povos habitantes do espaço lusitano:

- IBEROS : foram os primeiros a chegar à Península, e como não havia provas de anteriores proprietários, deram o seu nome à terra. Eram muito atrasados em civilização, tiravam burriés do nariz com a ponta da unhaca e cheiravam mal dos pés, cobriam-se de peles de animais, nomeadamente deles próprios e dormiam em cavernas de poucas estrelas.

- CELTAS : pensa-se que eram originários da Gália, embora outros historiadores afirmem que eles vinham de Glasgow, na Escócia, sendo adeptos do Celtic. Viviam também em estado de comunhão com a Natureza, sendo os precursores do campismo selvagem, montando cabanas circulares de pedra, grosseiras, cobertas de palha, onde quer que lhes apetecesse. Juntaram-se aos Iberos (especialmente às Iberas) nas noites frias de Inverno, e da brincadeira resultaram os Celtiberos.

- LUSITANOS : uma das tribos descendentes dos Celtiberos e que, por isso, herdaram virtudes e defeitos dos dois povos. Eram aguerridos e valentes, embora algo estúpidos, pois podiam ter começado a conquistar mais cedo, poupando imenso trabalho aos futuros reis de Portugal. Viviam da caça, da pesca e da recolha de frutos silvestres, o que lhes proporcionava uma dieta equilibrada.

- FENÍCIOS : povo marítimo, que acrescentou à nossa identidade o hábito de meter água. Fixaram-se no litoral e dedicaram-se ao comércio, vendendo perfumes, madeiras e papiros em troca de estanho, prata e ouro, numa forma de comércio altamente vantajosa perante otários, conforme se pôde confirmar mais tarde no comércio português com África. Introduziram técnicas de mercado, como o fabrico em série e a venda a crédito, embora sem a proliferação de cartões automáticos que se assiste hoje em dia.

- GREGOS : foram poucas as suas influências na nossa identidade, dado que se viram gregos para cá chegar derivado à distância, o que até nem foi mau de todo, pois safámo-nos de aturar uma quantidade industrial de filósofos. Seguiram as pisadas dos Fenícios, montando pequenas colónias junto ao mar, o que deu origem ao aparecimento da chamada “água de colónia”.

- CARTAGINESES : tem-se considerado que vieram do norte de África para controlar todo o comércio da península. No entanto, escavações ultra-secretas feitas no sub-solo da zona sobre a qual assenta Lisboa, revela que os cartagineses eram chineses carteiristas que actuavam preferencialmente nos túneis do metro em hora de ponta, tornando-se muito ricos e com isso fomentando a cobiça e inveja do império romano.

- ROMANOS : muito civilizados, ambiciosos e adeptos do monopólio, não descansaram enquanto não dominaram toda a península Ibérica. Impuseram a sua moeda,a sua língua e, duas vezes por ano, lançavam colecções de vestuário e calçado, em desfiles muito apreciados e que deram à moeda romana um grande prestígio, nem sequer manchado pelo facto de assassinarem à traição Viriato e Sertório, chefes das associações comerciais lusitanas.

- BÁRBAROS : foram vários os povos que, sob este nome, vieram fazer a vida negra aos romanos, derramando sangue a rodos, o que sujava as carpetes com nódoas muito difíceis de tirar. Entre eles estão os Vândalos (hooligans do pior que havia, criadores do hooliganismo enquanto corrente estética); os Suevos (suecos novos, altos, loiros e toscos para o jogo da bola); os Alanos (cujo nome é a junção de “Ala” e “nós”, ou seja, ala que se faz tarde, aí vamos nós – atacavam sempre em grupo); os Lombardos (filhos da Lombardia e criadores da couve com o mesmo nome); os Visigodos (do arcaico “vis” mais “gordos”, isto é, maus e gordos; sendo brutamontes maléficos, eram de tendência ariana, logo neo-nazis, e após as conquistas comandadas por Teodorico, nos deixaram nomes próprios como Adalberto, Brunilde ou Cremilde, que fazem a felicidade dos padrinhos na hora do baptismo); os Ostrogodos (igualmente gordos mas cujo nome deriva de “ostra”, devido a serem tão fechados sobre si mesmos, não permitindo que se conheça muito sobre eles).

- MUÇULMANOS : tal como os chineses viriam a adorar Mao-Tse Tung e os portugueses o Mau-Maria, os mouros veneravam Mao-mé. Deixaram-nos ficar a al-face, o al-moço, a al-mofada, a figueira, a laranjeira, a bússola e algumas outras coisas, que ficaram pelo caminho durante a fuga aos cristãos. Diz o Corão “Combatei pela causa de Deus (...) Crentes! Não os matastes, Deus os matou. Não atiras quando atiras, Deus é quem atira”. No entanto, quando os cristão começaram na reconquista, verificaram que Deus não podia atirar em tantos, e decidiram retirar.
 
hits