04/02/12

A EXPANSÃO (II)

Para lá do incremento turístico, o cluster das viagens radicais trouxe também o desenvolvimento das técnicas de navegação e dos instrumentos com elas relacionados, que chegaram a ganhar alguns certames, nomeadamente, algumas medalhas de ouro no Salão Internacional de Genebra. É o caso dos instrumentos de navegação astronómica (assim chamados pela quantidade astronómica de dinheiro necessário para os comprar), como a bússola, o quadrante (nome derivado do arcaico “quadrado andante”) ou a balestilha, instrumentos já utilizados pelos árabes, mas a quem os portugueses surripiaram os direitos de autor e fizeram algumas modificações, suficientes para evitar as acusações de plágio, táctica adoptada quatro séculos mais tarde pela indústria chinesa.

Os ventos e as correntes marítimas foram também anotados e estudados em cartas que os marinheiros depois mandavam às suas famílias. Como estas cartas vinham do mar, foram naturalmente apelidadas de “cartas de marear” e como a correspondência era muito intensa, os correios do mar tiveram um grande desenvolvimento, sendo a cartografia portuguesa considerada a mais desenvolvida da Europa do séc. XVI. Isto permite entender o sucesso verificado no séc.XX da empresa portuguesa Ndrive e os seus mapas para GPS.

Como as viagens da Agência Náutica de Sagres eram cada vez mais populares, as barcas utilizadas, vagamente semelhantes a cacilheiros, começaram a ser insuficientes para tamanha procura, pelo que começaram a surgir novos navios para as viagens-charter, sem paragens no caminho: as caravelas.
Estas, além de alojamentos que eram um mimo para a época, e se solários instalados no cesto da gávea, possuíam grandes capacidades tecnológicas para a navegação atlântica, pois bolinavam sobre o mar, iam até à Índia sem atestar depósito, tinham velas triangulares (que iluminavam na perfeição) e motores fora de bordo, que lhes permitiam navegar contra ventos e marés.

Como é óbvio, todo este sucesso da Agência Náutica de Sagres teve repercussões no Algarve, já que era daí proveniente a maioria da clientela endinheirada e sedenta de emoção, que procurava os seus serviços. A escolha de Sagres não tinha sido inocente, pois D.Henrique tinha conhecimentos de marketing e dos seus potenciais clientes, sabendo que os ingleses adoravam cerveja e o nome tinha potencial. Outro factor de menor importância, era que, para partida de viagens para sul, Sagres era o mais perto que se conseguia dos destinos e, portanto, com menores custos de exploração.

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