13/06/11

O CLERO

O outro grupo social de prestígio era o Clero, agregado em dois sub-conjuntos: o clero regular e o secular. O clero regular era constituído pelos que exerciam a religião mais regularmente, pois viviam em mosteiros e a isso eram obrigados, por falta de outras opções de lazer.
Entre eles temos as ordens militares-religiosas, já tratadas nesta obra, e os monges dominicanos (que apenas mugiam ao domingo). Os mosteiros eram dirigidos por um abade, que às refeições era sempre o último a levantar-se e daí a expressão “comer que nem um abade”. Já os monges, vestiam-se todos da mesma maneira, e tornou-se hábito designar com tal o dito cujo.

Quanto ao clero secular, eram assim chamados por serem muito velhos, levando séculos a subir na hierarquia, para chegarem a bispos e cardeais. Para além do serviço religioso, o clero apropriava-se de outras funções, como a assistência a doentes e o ensino, deixando por isso no desemprego milhares de médicos e professores. O sucesso das suas boticas, com remédios feitos a partir de raízes e folhas de plantas, suplantava largamente o atendimento nas caixas de previdência, onde enfermos e peregrinos tinham de suportar horas e horas de espera para uma consulta, com a agravante de por essas alturas não haver ainda o hábito enraizado de ler revistas antigas nas salas de espera.

A educação tinha vários defeitos: funcionava em circuito fechado, isto é, os professores eram do clero e ensinavam os futuros clérigos; não havia lei de bases do sistema educativo; as propinas eram elevadas e o material educativo estava pela hora da morte, pois todos os livros eram edições de luxo, copiados e ilustrados à mão, com folhas de pergaminho e capas de cabedal trabalhado.
Os testes eram muito difíceis, pois eram escritos em latim, o que para a maioria era chinês, embora os monges copistas tivessem sempre boas notas, talvez por defeito de profissão.

Às ilustrações chamavam-se “iluminuras”, o que era um contra-senso, pois geralmente eram feitas quase às escuras, no interior de grandes bibliotecas, o que justifica a qualidade desses desenhos, pois se o monge estava a trabalhar às escuras e não fizesse uma boa iluminura, não conseguiria ver o resto do trabalho.

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