23/12/11

A CRISE DE 1383-1385

Segundo o costume, a um rei sucedia o seu filho varão (mais velho), algo que não era possível nesta altura porque D.Fernando não cuidara de resolver essa questão em devido tempo.
Agora que morrera, a sucessão ao trono era um pedacito complicada, pelo excesso de candidatos, nem todos recomendáveis, como se pode ver no confuso diagrama abaixo incluído. Para resolver este problema, algumas mentes mais ébrias chegaram a avançar com a hipótese de um referendo popular entre os candidatos, o que devido à falta de democraticidade reinante e ao analfabetismo, depressa foi abandonada.

A principal problemática da regência era a de que o cargo de rei dava também acesso à presidência da liga portuguesa de futebol e, como tal, a cadeira mais importante do país não poderia ser entregue a qualquer um. Com a morte de D.Fernando, a regência passa para a sua mulher Dª.Leonor Teles, que trata de a passar a sua filha Dª Beatriz, para poder estar mais tempo com o fidalgo castelhano João Fernandes Andeiro. O povo e as suas línguas viperinas de inveja começaram a zurzir contra Dª Leonor, a “desavergonhada que deixava o reino nas mãos da filha, a qual não percebia nada de futebol, para se entreter na alcova com o conde Andeiro”. O facto de não ter comparecido às cerimónias fúnebres de seu marido, gerou uma onda de indignação e revolta que a tornou ainda mais impopular, embora Dª Leonor tenha apresentado atestado médico comprovando a ausência com um súbito ataque de disenteria.

Para compensar a inépcia de Dª Beatriz, juntava-se o poder do conde Andeiro que, do leito do amor, manobrava todos os cordelinhos (dos espartilhos e dos outros), atribuindo subsídios apenas aos amigos castelhanos e usando e abusando de dinheiros públicos para adquirir carruagens particulares com cocheiro, que usava nas suas funções de secretário geral da federação. Como se percebe, algo completamente impossível hoje em dia.

A alma lusitana pressentia o perigo de Castela pesando sobre a terra portuguesa e a firme vontade de varrer, de uma vez para sempre, a intromissão do elemento estrangeiro na nossa vida veio ao de cima, enquanto Leonor Teles se mostrava executora de uma política desastrada. Havia que arranjar um rei português, o mais rapidamente possível. Pensava-se geralmente no infante D.João, filho de D.Pedro e Dª Inês de Castro, mas ele estava em Castela, incomunicável, acompanhando o seu irmão numa cura de desintoxicação numa clínica privada muito conhecida.

Por isso, se voltaram para outro filho bastardo de D.Pedro (felizmente, que os havia em fartura), também de nome João, que por essas alturas ganhava a vida com um bem sucedido negócio de aluguer de viaturas, a “Avis rent-a-coche”, fazendo alugueres comerciais e de fim de semana, com ou sem cocheiro, para todo o país e estrangeiro e com condições especiais para empresas. E tanto sucesso tinha que no local da sua loja era conhecido por D.João Mestre de Avis, alcunha que viria a pegar pela vida fora. É a D.João que os cabecilhas recorrem com o plano para assassinar o conde Andeiro, o qual consistia em entrar no palácio pela calada da noite e dar uma facada no conde enquanto ele estivesse no duche. Houve quem lhe chamasse Operação “Psico”, mas esse nome foi abandonado por ser considerado demasiado Hitchcockiano.

Mas nem tudo correu conforme o planeado. D.João não conhecia a planta do palácio e enganou-se no caminho, indo parar às adegas da cave, onde ficou trancado durante duas ou três horas. Cá fora, face à demora do Mestre de Avis, começou a correr o boato que o conde Andeiro tinha apanhado o Mestre e o tinha morto. Perante isto, a reacção do povo foi uma desgraça pois D.João era muito respeitado, além de ter a única loja de aluguer de coches nas redondezas.

Na verdade o conde Andeiro acabou mesmo por morrer ao escorregar no poliban durante o duche, batendo com a cabeça nas torneiras. Por isso, após beber alguns tonéis e conseguir rebentar com a porta da adega, D.João apareceu cambaleante a uma janela do palácio, rejubilando o povo e nomeando-o logo ali como regedor-mor da federação portuguesa de futebol. Dª Leonor em face da evolução dos acontecimentos e com receio que lhe cortassem a parte superior da garganta, fugiu para Santarém, donde enviou um pombo-correio a pedir auxílio ao seu genro, D.João, rei de Castela. Este, tinha há muito tempo em vista os domínios da sogra e o seu apelo foi tudo quanto bastou para avançar. Interessava-lhe a presidência da federação portuguesa de futebol, pois um dos seus objectivos era fundir o campeonato castelhano com o nosso, formando um torneio ibérico mais competitivo e atractivo, para ser vendido às televisões por muitos milhões de maravedis.

18/12/11

1ª DINASTIA

Eis-nos chegados ao fim do estudo da primeira dinastia real, também chamada de dinastia dos Afonsinhos. Os seus descendentes tentaram retomar o trono (pelo menos o da música pop) em meados da década de 80 do séc.XX, como um grupo auto-intitulado "Os Afonsinhos do Condado", mas tirando o mega-hit "a salsa das Amoreiras", não chegaram muito longe.



D.AFONSO HENRIQUES (1128-1185) – O FUNDIDOR – porque enquanto pôde e teve saúde, tratou de fundir a paciência à mãe, a familiares e a muçulmanos, embora, pessoalmente, nada tivesse contra eles.





D.SANCHO I (1185-1211) – O POVOADOR –
porque à sua conta, quer legítima quer ilegítimamente (sobretudo), tratou de povoar o reino com jovens rebentos. O apelido de Pai da Nação, que então corria, não era inteiramente descabido.






D.AFONSO II (1211-1223) – O OBESO –
também conhecido como excessivamente largo, porque se dedicou ao fortalecimento do poder real, especialmente o seu. Ainda assim, foi convocado para a primeira selecção ibérica em 1212.






D.SANCHO II (1223-1248) – O CABELO –
na impossibilidade de o cognomear “o careca”, ficou assim conhecido por não levantar cabelo contra os senhores feudais que aumentavam o seu poder a olhos vistos, excepto aos do rei. Um verdadeiro D.Chacho.






D.AFONSO III (1248-1279) – O BOLONHÊS –
porque inventou o termo “pizza à bolonhesa” ao dar uma carga de porrada no irmão. A sua receita de raviolis à bolonhesa já não teve tanto sucesso.






D.DINIS (1279-1325) – O JOVEM AGRICULTOR –
porque era este o seu hobby, onde gastou os rendimentos que a sua veia artística lhe proporcionava, cantando rimas às damas. Incluindo as trabalhadoras liberais nas margens dos pinhais de Leiria.






D.AFONSO IV (1325-1357) – O PARVO –
porque se empenhou em guerras inúteis com Castela, para depois se juntar a eles na Batalha da Salada, contra os muçulmanos. Viu a peste preta invadir-lhe o reino, coisa que não é bonita de se ver.






D.PEDRO I (1357-1367) – O VINGADOR –
porque lutou tenazmente contra os excessos burocráticos que lhe vitimaram a amada Dª Inês. Conseguiu a vingança a quente, que não é a que melhor sabe, dizem os chineses.







D.FERNANDO (1367-1383) – O FAMOSO –
especialmente entre as mulheres, era-o muito, com destaque para as Leonores, que ansiavam que ele as escolhesse para rainhas, devido à sua fixação por esse nome. Apenas uma o conseguiu.
 
hits